EMIS Partners | Entrevista com Mitri Bittro: Inteligência de Mercado em Transformação
Inteligência de Mercado em transformação: entrevista com Mitri Britto
No último mês, a EMIS reuniu líderes e especialistas para debater o papel da Inteligência de Mercado (IM) nas organizações e sua importância nas decisões estratégicas em um mundo cada vez mais orientado a dados.
Entre os convidados, esteve Mitri Britto, Diretor de Estratégia, M&A, Marketing da TIVIT, empresa de tecnologia com atuação em toda a América Latina.
Com ampla experiência em estratégia corporativa e transformação de negócios, Mitri compartilhou como sua área de Inteligência de Mercado foi construída e amadureceu dentro da TIVIT, saindo de um papel reativo para se tornar corresponsável pelo futuro da organização.
Da construção ao amadurecimento da área de IM
Pergunta 1: Como começou sua jornada com Inteligência de Mercado dentro da TIVIT?
Resposta: Entrei na TIVIT há três anos com o desafio de liderar a área de M&A. Começamos organizando os processos e acelerando nossa abordagem a empresas de tecnologia, chegando ao marco de 200 companhias analisadas por ano. No entanto, para que nossas aquisições fossem realmente assertivas, as teses de investimento precisavam estar alinhadas à estratégia geral da companhia. Isso nos levou a estudar o mercado de forma estruturada: olhamos para tendências, para as dores das indústrias que atendemos, para os movimentos dos concorrentes e para as oportunidades que poderíamos explorar. A partir dessa visão, definimos o caminho que gostaríamos de seguir e como M&A seria um facilitador nesse processo. Esse exercício de análise externa se mostrou tão valioso que, em pouco tempo, evoluiu para o nosso rito anual de Planejamento Estratégico. Mais tarde, ao assumir a Diretoria de Estratégia, percebi a necessidade de amadurecer ainda mais esse processo. Foi nesse momento que montei a área de Inteligência de Mercado, com a missão de sustentar e atualizar continuamente essa visão, garantindo que estejamos sempre orientados para o futuro.
Inteligência de Mercado como bússola estratégica
Pergunta 2: De que forma esse olhar para o mercado influencia o futuro da TIVIT hoje?
Resposta: Com a criação da área de Inteligência de Mercado, conseguimos estruturar um time dedicado a acompanhar continuamente tendências, concorrentes e oportunidades de crescimento. Em 2025, por exemplo, nossa área já analisou mais de 700 estudos e relatórios de mercado, acompanhou mais de 250 vídeos e podcasts e avaliou mais de 100 empresas de capital aberto. Como consequência, desenvolvemos um deck de mais de 170 slides com insights acionáveis sobre tecnologia e tendências setoriais. Esses estudos são continuamente compartilhados com nossos diretores de linhas de negócio, que a partir daí revisitam suas estratégias e constroem propostas de aceleração de receita e de ganho de margem. Esse processo garante conexões fundamentais entre visão externa, visão interna, priorização de ações e governança de execução — assegurando que a companhia esteja constantemente alinhada ao futuro que deseja construir.
Primeiros passos e evolução
Pergunta 3: Quais foram os primeiros passos na construção da área de Inteligência de Mercado?
Resposta: No início, nosso foco foi atender demandas pontuais das áreas de negócio, criando governança para dados relevantes e desenvolvendo dashboards que trouxessem visibilidade numérica para a organização. Esse trabalho inicial foi importante para gerar confiança, mas rapidamente percebemos que, sozinho, não era suficiente. É muito comum uma área de IM se tornar apenas um braço analítico das áreas internas. Nesse modelo, o time acaba sobrecarregado com solicitações pontuais de dados e análises que muitas vezes não geram impacto significativo no negócio. Para que nosso trabalho fosse realmente relevante, percebemos a necessidade de priorizar nossa atuação. Notamos que precisávamos ser proativos, provocando os executivos e direcionando sua atenção para os indicadores críticos que viabilizam os planos discutidos em nosso planejamento estratégico. A partir daí, passamos a focar no acompanhamento desses indicadores, enquanto as demandas pontuais continuaram sendo atendidas — mas apenas quando havia capacidade. Esse foi o passo essencial para evoluirmos de uma área reativa para uma função verdadeiramente estratégica.
Governança estratégica contínua
Pergunta 4: Como funciona hoje esse processo de governança estratégica?
Resposta: Nossa governança garante que o planejamento não seja apenas um exercício anual, mas um processo vivo, acompanhado de forma contínua. Após todo processo de Planejamento Estratégico, as iniciativas propostas são consolidadas e refletidas em um Business Plan integrado. Em nosso último ciclo, esse Business Plan foi modelado em um Excel com mais de 500 mil fórmulas, traduzindo a complexidade das análises e a profundidade da nossa operação. Este modelo nos ajuda a priorizar as iniciativas mais relevantes e direcionar investimentos de forma disciplinada. O papel da governança é justamente fechar este ciclo: monitoramos indicadores em fóruns periódicos, discutimos avanços com a liderança e ajustamos a rota sempre que necessário, garantindo que a companhia esteja avançando na direção definida estrategicamente.
Formação de equipes de IM
Pergunta 5: Como você enxerga a formação de equipes de Inteligência de Mercado?
Resposta: Conhecimento técnico é importante — saber trabalhar com ferramentas de BI ou Excel é requisito básico. Mas o verdadeiro diferencial está em formar profissionais com visão de negócios, capazes de traduzir dados em decisões que aceleram resultados. É muito comum medir equipes de Inteligência de Mercado pelo número de relatórios ou dashboards produzidos, mas isso não justifica a existência da área. O que garante sua relevância é a contribuição palpável para o crescimento da receita, a melhoria das margens e a aceleração dos projetos estratégicos. Na TIVIT, cultivamos essa mentalidade: cada analista entende que não trabalha apenas com números, mas que tem responsabilidade direta no sucesso da organização. Esse senso de corresponsabilidade é o que transforma a área em parceira estratégica da liderança.
Conselho final
Pergunta final: Que conselho você deixaria para quem quer estruturar ou fortalecer uma área de IM?
Resposta: A Inteligência de Mercado precisa ser parte da estratégia central das companhias. Não se trata apenas de olhar para dados, mas de dar a esses dados o poder de direcionar decisões críticas e viabilizar a evolução do negócio. Esse é o passo que transforma a área de IM em um agente determinante e protagonista no ganho de competitividade das organizações.
Conclusão
A experiência da TIVIT, narrada por Mitri Britto, reforça o papel da Inteligência de Mercado como um agente estratégico de competitividade. Mais do que números ou relatórios, trata-se de conectar dados à visão de futuro e transformar conhecimento em decisões que impulsionam o crescimento sustentável das organizações.
Agradecemos ao Mitri pela parceria no EMIS Partners, consolidando a EMIS como parte essencial do ecossistema de Inteligência de Mercado e fortalecendo nosso compromisso em apoiar líderes e organizações nessa jornada de transformação.